Assim, como era de se esperar, a região é montanhosa, cortada por inúmeros rios que formam vales onde a drenagem do solo e a perfeita exposição ao sol favorecem o cultivo de uvas. O inverno costuma ser rigoroso e o verão quente costuma apresentar tempestades de granizo que podem comprometer a safra.
Até a década de 1970 o Piemonte era terra de ninguém no que se refere ao turismo. Essa situação mudou drasticamente graças a gastronomia e a vitivinicultura que colocaram a região na rota dos gourmets de todo o mundo. A culinária piemontesa se destaca pela criatividade e pela utilização de produtos sempre frescos e da época, e sua espinha dorsal está no modo de vida e no trabalho rural.
Devido ao clima e ao relevo, a restrição de opções de produtos foi o grande incentivador dessa culinária de gabarito. Nesse leque restrito de produtos, destacam-se três: a trufa branca, o arroz arbóreo e a carne vermelha.
No que se refere aos vinhos, o Piemonte possui três grandes uvas: a Nebbiolo, a Barbera e a Dolcetto. Os vinhedos estão localizados nas encostas das montanhas e possuem orientação sul. Os vinhos produzidos compatibilizam maravilhosamente com a culinária e desse casamento nasceu uma gastronomia rica e surpreendente. Os vinhedos não estão espalhados por toda a região, concentram-se principalmente nas áreas D.O.C. As principais D.O.C. encontram-se ao sudeste e nordeste de Turim. Algumas cidades (vilarejos, na verdade) são importantes referências: Alba, Asti, Bra, Acqui Terme, Gavi, Casale, Canale, Alessandria, Vercelli e Novara. Os quatro principais vinhos são: Barolo, Barbaresco, Barbera e Dolcetto.
O Barolo é um vinho único, comparável aos melhores do mundo. Possui grande estrutura aromática, longa persistência, acidez destacada, tânico, corpo alto e poder de envelhecimento. O Barbaresco é o irmão mais delicado e feminino do Barolo. Grande estrutura aromática, menos encorpado, com acidez destacada. O Barbera é um vinho excepcional, acompanha muito bem os pratos regionais e está passando por uma revolução. Alguns produtores estão utilizando madeira mais nova para a afinação e testando cortes com uvas Pinot Noir e Cabernet Sauvignon. O Dolcetto é um vinho para se beber jovem, com aromas mais doces, estrutura mediana, pouco tânico e acidez destacada que, ainda deve melhorar com as inovações. Em relação aos brancos, devemos prestar atenção em especial aos Arneis de Roero, aos Moscatto D’Asti e aos Chardonnay do Langhe.
E como disse Giovanni Goria em seu livro “La cucina del Piemonte” – “Comer não é apenas alimentar-se, como também prazer, alegria, cultura, felicidade, amizade e respeito pelas próprias raízes”.
Barbaresco
O Barbaresco e o Barolo são os dois grandes vinhos do Piemonte. A diferença entre eles está na potência. Enquanto o Barolo é mais masculino, tânico e potente, o Barbaresco é mais feminino, elegante e igualmente potente. Ambos os vinhos foram feitos para o inverno, para acompanhar pratos fortes.
O grande nome quando nos referimos ao Barbaresco é “Ângelo Gaja”. Ele revolucionou o método de produção e fez com que o Barbaresco fosse tão bom quanto os melhores Barolos. Hoje temos pelo menos uns 20 produtores espetaculares.
- Os seguintes vinhos foram degustados pela confraria:
- Albino Rocca – Barbaresco “Vigneto Brich Ronchi” 2003 – Preço de referência: R$ 239,20
- Moccagatta – Barbaresco Cole 1999 – Preço de referência: R$ 203,20;
- Domenico Clerico – Langhe Rosso “Arte” 2003 – Preço de referência: R$ 147,87;
- Seghesio – Langhe Rosso “Bouquet” 2005 – Preço de referência: R$ 105,74;
- Prunotto – Barbera d’Asti “Fiulot” 2006 – Preço de referência: R$ 59,00.
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Texto de André Monteiro. Publicado por: Maicon F. Santos.
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