Como bem dizem os franceses, viva a diferença, a diversidade. E nós sabemos que a evolução depende da diversidade.

No mundo dos vinhos também é assim. E o vinho rosé deve ser respeitado e ter seu lugar ao sol. Por sinal, quanto mais sol, melhor. Para gostar do vinho rosé, precisamos entender que, antes de tudo, ele representa um estado de espírito, um estilo de vida.

Fotos dos Confrades na Nova Sede

Fotos dos Confrades na Nova Sede Confraria dos Prazeres de 26/02/07. Primeiro encontro na nova sede (Restaurante Estalagem Don João).

VINHOS ROSÉS DO MUNDO

Vive La Diffèrence!

O rosé nasceu na Provence (França) há, mais ou menos, 2.600 anos. São os vinhedos mais antigos da França.

Nós, brasileiros, nascidos após a década de 1940 aprendemos a tomar vinho rosé com os portugueses, Mateus Rosé, Casal Garcia e Lancer’s. Eram vinhos despretensiosos que acompanhavam muito bem as refeições em família. Existia também um francês, Rosé d’Anjou que fazia sucesso… enfim.

Acontece que os tempos mudaram e os produtores de vinhos rosés não se adaptaram. O que era prazeroso em 1970 se tornou sinônimo de mal-gosto em 1990 e o vinho rosé quase desapareceu.

Hoje, acompanhamos a volta desse estilo de vinho, dessa deliciosa sensação de Savoir-Faire.

Características

O vinho rosé é uma excelente alternativa aos vinhos brancos e tintos. Ele agrega algumas qualidades dos brancos (ex.: acidez) com outras qualidades dos tintos (ex.: estrutura aromática). É um vinho bastante versátil, que combina com as altas temperaturas do verão brasileiro.

O rosé possui cor maravilhosa, que pode variar entre o pérola e salmão, passando pelas várias tonalidades de rosa, até o rubi claro ou “claret”. Os aromas principais são de frutas vermelhas frescas (morango, cereja, framboesa e cassis), florais (violeta), frutas secas (tâmaras), algum mineral e especiarias.

Na boca ele se mostra fresco e ácido, bom equilíbrio com o álcool e com corpo médio (no máximo).

Os taninos não são desejáveis e a temperatura de serviço deve ser próxima a dos vinhos brancos (12 graus).

O rosé é bem vindo à mesa. Combina muito bem com inúmeros pratos, desde um simples churrasco bovino ou uma peixada, passando pelas saladas com frutas e queijos, frutos do mar e pela paella valenciana. Pratos mais “pesados” como uma bouillabaisse, caldeirada e um arroz à marinara também são boas combinações.

Principais Regiões

Atualmente, o vinho rosé é produzido nas mais variadas regiões do planeta. Sendo que as que mais se destacam são:

Provence – É o berço do rosé, produz vinhos frescos, ácidos, alegres. A qualidade varia muito e é preciso experimentar. Reflete o estado de espírito da região. Principais uvas: Grenache, Cinsault e Mourvedre.

Rhône – O sul da Côtes du Rhône (AOC Tavel) produz excelentes rosés. Principais uvas: Grenache, Cinsault e Mourvedre.

Rioja – Seus rosés se destacam pela estrutura. Foi a região que menos foi afetada pela baixa do rosé nas décadas de 1980 e 1990. Principais uvas: Garnacham Tempranillo e Merlot.

Portugal – Produz rosés competentes em várias regiões. Especial destaque para o Douro, Dão, Bairrada, Estremadura e Alentejo. Principal uva: Touriga Nacional.

Itália – A Toscana e o Alto Ádige são as melhores regiões produtoras. Principais uvas: Sangiovese, Moscato Rosa e Langrein.

Chile – Começa agora a produzir alguma coisa interessante. Tem futuro. Principal uva: Cabernet Sauvignon.

Argentina – Assim como o Chile, nosso visinho está começando no mundo dos rosés. Vale a pena ficar atento. Principal uva: Malbec.

Método de Vinificação

Normalmente, os vinhos rosés são vinificados pelo método de maceração curta, ou seja, vinifica-se como os vinhos tintos, partindo-se de uvas tintas, deixando-se o mosto em contato com as uvas por um período mais curto de tempo (de 03 à 24 horas), dependendo da tonalidade de cor desejada pelo produtor.

O mosto, depois de separado de suas partes sólidas, é então encaminhado para as cubas de fermentação de aço inox seguindo o processo como nos vinhos brancos. Não é comum a passagem por madeira.

Sobre a degustação da noite

Degustamos os vinhos:

    1. Bourgogne Rosé 2004, Antonin Rodet – França-Borgonha.Vinho de coloração ferrugem clara e cobre.Aromas de morango, framboesa (geléia), um poço de flor e notas herbáceas.É um vinho ligeiro, como todos os vinhos rosés, sem taninos (ou com taninos tendendo a zero e acidez destacada.Feito com a uva Pinot Noir, possui 13,5 de graduação alcoólica. Muito bom para acompanhar a culinária Tailandesa e patês, em especial, os defumados.
    2. Chateau Musar 2001, Gaston Hochar – Líbano-Bekaa.Aromas de mel, casca de laranja (a utilizada para acompanhar o cafezinho), anis e frutas cristalizadas.É um vinho mais redondo, menos ácido. Possui um sabor de oxidado, que neste vinho é bem vindo (somente no vale do Bekaa).Melhor vinho libanês que vem para o Brasil. Ficou em 2º lugar no painel da revista Gula. Combina com trutas e defumados.Sua graduação alcoólica é de 13%.
    3. Rosado 2004, CVNE – Espanha-Rioja.Coloração cereja ou rubi claro.Aromas de frutas vermelhas frescas.Na boca revela o tutifruti, framboesa e um pouco de melancia.Elaborado com as uvas Garnacha e Tempranillo. 13% grad. acoólica.Este vinho combina com presunto cru, camarão frito, lagosta e carpaccio.
    4. Regaleali Le Rose 2004, Tasca d’Almerita – Itália-Sicilia.Vinho de coloração mais intensa.Seus aromas lembram os da Champagne Veuve Clicquot. Já não são aromas de frutas tão frescas. Casca de pão, fermentação, pouco de tostado. Este é um dos poucos rosés que passa por madeira.Possui acidez violenta.Na boca é persistente e apresenta um gosto de mineral (salitre).Elaborado com a uva Nero D’Avola.
    5. Escolhemos um quinto vinho, o Rosado 2004, Bod. Val de los Frailes – Espanha-Cigales para acompanhar o jantar. É um vinho elaborado com a uva Garnacha e podemos dizer que é um vinho mais litorâneo.

Na próxima degustação, prevista para meados de março/07, onde finalizaremos o assunto Vinhos Rosés, escolhemos os seguintes vinhos: Les Béatines 2004, Côtes de Provence 2005, Perle de Rosé 2005, Tavel L’Espiègle 2005 e Dom. de Gournier 2003.