A Chardonnay é a casta vinífera branca de maior prestígio no mundo, cultivada em todas as regiões produtoras, degustada por todos. Muitas pessoas se referem a ela como a “rainha das uvas brancas”. Devido a sua popularidade, já foi chamada maldosamente de “a Coca-Cola do mundo dos vinhos”. Sua origem está associada à região francesa da Borgonha e, para alguns, ela é resultado do cruzamento entre as castas Pinot Noir e Gouais Blanc.
Fácil de cultivar, pode ser encontrada em praticamente todas as regiões produtoras. É uma uva versátil, produz desde vinhos brancos secos, passando pelos espumantes e até alguns vinhos de sobremesa. Dependendo da vontade do produtor, pode ser vinificada sozinha (varietal) ou em corte. Pode também estagiar em madeira ou não. Origina vinhos leves e frescos ou encorpados, quentes, quase doces.
Devido a toda essa versatilidade, vários críticos acusam a Chardonnay de não possuir personalidade, de ser uma uva que expressa exatamente o desejo do vinicultor. Verdade ou não, o fato é que o mundo assistiu ao seu apogeu nas décadas de 80 e 90. Tornou-se sinônimo de vinho branco do novo mundo.
Características.
A Chardonnay é uma casta fantástica, didática. Fácil de cultivar, a videira se adapta muito bem aos mais diferentes solos e climas, a exceção dos extremos (quente e frio). Hoje em dia, só na França, existem mais de 30 variações clonais. Apresenta bagos verdes para âmbar, pequenos e bem redondos.
Originalmente, ela é pouco aromática. Mas nenhuma outra casta pode absorver tantas características do solo e do processo de vinificação, como ela. Talvez isso explique o paradigma dessa casta que é amada por muitos e desprezada por outros tantos.
Aromas
Abacaxi;
Maracujá;
Pêssego;
Damasco;
Maçã Verde;
Mel;
Manteiga;
Butterscotch;
Nozes;
Tostado;
Acácia;
Mineral;
Pedra de Isqueiro.
Assim sendo, podemos dizer que os aromas e sabores da Chardonnay são muitos, dependendo da região e do produtor. Em linhas gerais, os aromas primários mais encontrados são: frutas cítricas (maçã verde, pêra, limão, lima, tangerina), frutas tropicais (abacaxi, maracujá, pêssego, damasco, banana, manga), florais (acácia, flor de laranjeira), amanteigados (manteiga, cera, mel, melaço, bala toffee, butterscotch, fermento), amadeirados (baunilha, coco, tostado, nozes). Dependendo da região, ainda podemos encontrar: minerais, pedra de isqueiro e esfumaçados.
Na boca, a Chardonnay também pode se apresentar das mais variadas formas: espumante, seca ou doce.
É a casta branca que mais se beneficia da fermentação em barrica e do estágio em madeira, além disso, a fermentação malolática normalmente é bem vinda. Seus vinhos podem variar em acidez e corpo, como em frescor e untuosidade. Em climas frios (Chablis e Margaret River) possui acidez e estrutura destacadas. Nas regiões mais quentes, apresenta-se com sabor mais intenso e acidez média. Os melhores vinhos apresentam acidez levemente destacada com o álcool bem integrado numa estrutura complexa e elegante. A textura é envolvente e, muitas vezes pode ser untuosa com corpo médio para maior.
Assim como a maioria das castas, a Chardonnay pode ser apresentada sozinha (varietal) ou em cortes (assemblages). Apesar dos vinhos varietais serem maioria absoluta para essa casta, os cortes mais freqüentes são com a Pinot Noir e Pinot Meunier (Champagne), com a Ribolla, Trebbiano e Vermentino (Itália) e com a Verdejo (Espanha).
O fato de ser tão eclética nos permite degustá-la jovem ou não; tudo depende da região e do estilo do vinho que o produtor quis apresentar. Somente os melhores vinhos merecem ser guardados. Nessa linha temos: até 05 anos (vinhos mais simples), de 03 a 07 anos (chilenos, australianos, californianos), de 07 a 15 anos (Borgonha, Beaune), de 07 a 20 anos (Borgonha, Chablis), Porém, muito cuidado. Essa facilidade em cultivar e vinificar essa casta vem apresentando ao mundo uma enorme quantidade de vinho sem personalidade, com excesso de madeira, super maduros e enjoativos.
Principais Regiões.
Cultivada em quase todos os lugares do mundo, a Chardonnay tende a se apresentar pouco marcada e, muitas vezes, descaracterizada. Dessa forma, as principais regiões são:
França, Borgonha (Côte de Beaune) – É a sua terra natal, nenhuma outra casta branca pode ser cultivada nesta região. Seus vinhos estão entre os melhores do mundo. Cada sub-região apresenta características particulares: Montrachet (intensos, longevos, apaixonantes), Puligny-Montrachet (estruturado, saboroso e fresco), Chassagne-Montrachet (mais noturno), Meursault (amanteigado e frutas secas), Corton-Charlemagne (mais mineral);
França, Borgonha (Chablis) – Nesta parte da Borgonha tudo é muito diferente, o clima é mais frio e o solo calcário já foi leito de mar. O resultado só poderia ser um, vinhos espetaculares, soberbos. Chablis não se copia, aqui a Chardonnay tem outra personalidade. Mineral, rochoso, feno verde, imortal. Sem dúvida alguma, tudo que um vinho branco gostaria de ser;
França, Borgonha (Pouilly-Fuissé) – Vinhos diferentes, encorpados por longa maturação. Muito interessantes e robustos;
França, Champagne – Aqui a Chardonnay é responsável pelo frescor, cremosidade e elegância do espumante. Pode se apresentar varietal (Blanc de Blancs) ou em corte com a Pinot Noir e Pinot Meunier;
Itália – Talvez, devido ao fato de ser um país que não tem uma grande casta branca, a Chardonnay foi adotada com sucesso em quase todas as regiões: Piemonte, Lombardia, Alto Adige, Toscana, Abruzzo e Sicilia. Produz desde espumantes até vinhos de sobremesa deliciosos;
Espanha – Pelos mesmos motivos da Itália, aqui a Chardonnay também vem ganhando espaço com muita competência. As melhores regiões são: Penedès (Cavas), Somontano, Navarra e Rioja;
Califórnia – Produz milhões de garrafas por ano (45 milhões de caixas em 2001). Em geral, seus vinhos são extremamente aromáticos, alcoólicos, amadeirados e com baixa acidez. Algumas vezes percebe-se algum açúcar residual. Os melhores exemplares podem ser espetaculares e rivalizar com os melhores da Borgonha. As melhores sub-regiões são Napa e Sonoma Valleys com destaque para as sub-regiões de Carneros, Russian River e Alexander Valley;
Austrália – Outra excelente região. Já viveu o momento dos vinhos super maduros e amadeirados na década de 1980 e 1990, quase enjoativos (Hunter Valley). Agora vive uma nova realidade, com vinhos mais elegantes, complexos, frescos e provenientes de áreas mais frias. As melhores sub-regiões são: Margaret River, Yarra Valley, Eden Valley, Padthaway e Tasmânia (para espumantes);
Nova Zelândia – Sem dúvida, este país tem vocação para os vinhos brancos. Aqui a Chardonnay pode alcançar patamares insuperáveis para o Novo Mundo. Seus vinhos são intensos, potentes e muito bem equilibrados. As melhores sub-regiões são: Hawke’s Bay, Marlborough e Wairarapa;
Chile – Assim como a Cabernet Sauvignon, aqui a Chardonnay encontrou um terreno fértil para se desenvolver. É a casta branca mais cultivada no país. Seus aromas, além das frutas típicas tropicais, apresentam uma pegada mais tostada e amanteigada. Seus vinhos podem ser espetaculares. As melhores sub-regiões são: Valle de Casablanca, Valle de Leyda, Valle del Maule, Valle de Bío Bío e Malleco;
Argentina – Apesar do predomínio das castas tintas, existem alguns bons (excelentes) vinhos feitos com Chardonnay. Mas não são muitos. A região de Mendoza é a mais indicada. Os melhores produtores são: Catena, Zuccardi, Rutini, Doña Paula, Monteviejo e Bodegas Luca.
Grandes Chardonnays
- DRC – Montrachet;
- D.Leroy;
- D.Leflaive;
- Laroche;
- Pacalet;
- Louis Jadot;
- Verget;
- Laroche;
- Raveneau;
- Bellavista;
- Ca’del Bosco;
- Gaja;
- Isole e Olena;
- Lageder;
- Planeta;
- Enate;
- Penfolds;
- Petaluma;
- Rosemount;
- Vasse Felix;
- Cloudy Bay;
- Kumeu River;
- Beringer;
- Caymus;
- Casa Lapostolle;
- Viña Montes;
- Sol de Sol;
- Catena.
Outras regiões menos destacadas também produzem Chardonnays de ótima qualidade: Brasil, África do Sul e Portugal (Alentejo).
Compatibilização.
Devido a sua flexibilidade e deliciosa estrutura aromática a Chardonnay é umas das castas brancas mais perfeitas para harmonizar com comida. As melhores combinações são:
França, Chablis – Combinação clássica e perfeita com Ostras;
França, Borgonha – Combina com peixes mais gordos (salmão, badejo, vermelho) e frutos do mar elaborados (vieiras, lagosta, lagostim, siri). Também combina magnificamente com queijos como brie e chaource;
Genéricos – Normalmente combina com carnes brancas grelhadas ou assadas (frango, peru, tender). Se não passar por madeira, aceita bem os peixes e frutos do mar mais leves. Se o vinho for bem marcado em madeira, prefira os peixes defumados, cozinha picante asiática, guacamole, saladas com queijos fortes, Pratos com molhos a base de leite de coco ou molhos brancos com nozes. Risotos.
Vinhos degustados pela Confraria neste encontro.
01 – Farnese – Opis Chardonnay 2001 (Itália, Abruzzo) – Preço de referência: R$81,00
02 – Chablis 2000 (França, Borgonha) – Preço de referência: R$390,00 (ws87)
03 – DonnaFugata – “La Fuga” Chardonnay 2004 (Itália, Sicília) de – Preço de referência: R$80,00
04 – Catena – Angélica Zapata Chardonnay 2006 (Argentina, Mendoza) – Preço de referência: R$83,76
05 – Castillo de Molina – Chardonnay 2006 (Chile, Casablanca) de – Preço de referência: R$39,20
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Texto: André Monteiro.
Editado e publicado por: Maicon F. Santos
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