Uma breve visão sobre a Espanha
A Espanha sempre será uma surpresa, dizem que os espanhóis são “do contra”, fogem do normal, do esperado. Assim também é a história do vinho espanhol. Apesar de ser o maior vinhedo europeu em extensão (mais de 1 milhão de ha), a Espanha é apenas o terceiro maior produtor da Europa. Isso se deve em grande parte ao clima e a geografia do país.
A Espanha é um grande planalto central chamado “Meseta”, que se ergue a 650m do nível do mar e é cercado por maciços rochosos por todos os lados. Essa geografia particular dá origem a um clima muito seco, com baixo índice pluviométrico, apresentando várias áreas semidesérticas. Esses fatores naturais comprometem a agricultura e, no caso da vitivinicultura, é sinônimo de baixo rendimento das vinhas (aprox. 25 litros/ha). A irrigação só é permitida em algumas demarcações específicas.
Assim como aconteceu com Portugal, a entrada da Espanha na União Européia foi muito benéfica. As novas regras de cultivo e vinificação, bem como, as inovações tecnológicas e investimentos substanciais, tornaram os vinhos espanhóis atraentes e respeitados.
A pouca diversidade de climas aliada à pequena variedade de castas autóctones obrigou a Espanha a diversificar os métodos de vinificação, oferecendo uma ampla variedade de vinhos. Existem Espumantes, Brancos, Rosés, Tintos e Fortificados de qualidade. Deve-se ressaltar que a Espanha nunca teve muito interesse em harmonizar seus vinhos e culinária. Isso faz do vinho espanhol a opção certa para se beber “sozinho”. Além disso, nos desafia a compatibilizar seus vinhos com comidas inusitadas.
Classificação dos Vinhos Espanhóis
Vino de Mesa – VdM: São os vinhos de menor qualidade.
Vino de la Tierra – VdIT: São os vinhos que seguem regras mínimas de produção. A qualidade varia muito, mas podemos encontrar ótimas surpresas. É o similar espanhol para o “Vin de Pays” francês.
Vino de Calidad com Indicación Geográfica – VCIG: São os vinhos de regiões vinícolas delimitadas que aguardam o reconhecimento DO.
Denominación de Origen Pago – DO-Pago: São os vinhos muito especiais e raros, produzidos em propriedades únicas. Podemos dizer que é um “Monopole” francês.
Denominación de Origen – DO: São os vinhos de melhor qualidade, provenientes de regiões delimitadas com regras muito específicas de produção.
Denominación de Origen Calificada – DOC: É a mais alta classificação espanhola. Em 2009, apenas Rioja e Priorato possuíam essa chancela.
Algumas regiões espanholas seguem uma classificação razoavelmente homogênea para seus vinhos:
Vino Jovem ou Vino sin Crianza ou Vino del Año – Vinho jovem pouco envelhecido, mas não o suficiente para ser considerado “crianza”;
Vino de Crianza – Vinho (tinto, branco ou rosé) de melhor qualidade, envelhecido pelo tempo mínimo de 02 anos, dos quais pelo menos 12 meses em barril de carvalho para os tintos e 06 meses em barril de carvalho para os brancos e rosados;
Vino Reserva – Vinho superior feito nas melhores safras. Os tintos devem ser envelhecidos pelo tempo mínimo de 03 anos, dos quais pelos 01 ano em barril de carvalho, enquanto os brancos e rosés podem envelhecer apenas 02 anos, dos quais 06 meses em carvalho.
Vino Gran Reserva – Vinho superior feito nas safras excepcionais. Os tintos devem envelhecer tempo mínimo de 05 anos, dos quais pelo menos 02 anos em barril de carvalho. Os vinhos brancos e rosés podem envelhecer apenas 04 anos, dos quais 06 meses em carvalho.
A Espanha não possui grande variedade de castas autóctones de destaque. A influência da Tempranillo é esmagadora e pode ser percebida em quase todas as regiões.