A Cabernet Sauvignon é a casta vinífera de maior prestígio no mundo, cultivada em todas as regiões produtoras e degustada por todos. Muitas pessoas se referem a ela como sendo a “rainha das uvas tintas”.
Sua origem está associada à região de Bordeaux (Médoc) e é resultado do cruzamento entre as castas: Cabernet Franc e Sauvignon Blanc. Seu nome já aparece em registros do final do século XVIII.

Qualquer região ou produtor que esteja começando a colocar seus produtos no mercado escolhe essa casta para mostrar ao mundo do que é capaz. Podemos dizer que, hoje em dia, a Cabernet Sauvignon é a casta internacional para se avaliar vinhos, produtores ou regiões. Ela se infiltrou por todas as regiões, do Chile a Austrália, da Califórnia a Grécia.

Todo esse sucesso se deve, em parte, pela capacidade que essa casta tem de manter suas características, aromas e sabores independentemente da região onde é cultivada. Isso mostrou ser um forte apelo aos novos consumidores que logo elegeram a Cabernet Sauvignon como padrão de vinho tinto.

Características.

A Cabernet Sauvignon é uma casta espetacular, fantástica. Fácil de cultivar, a videira se adapta muito bem aos mais diferentes solos e climas, a exceção dos extremos (quente e frio) que não são bem vindos a nenhuma casta. Apresenta bagos escuros e pequenos (preto e violeta profundo), com pele muito grossa e pouca poupa. Tem maturação tardia o que ajuda na concentração de aromas e é resistente à podridão pelo excesso de chuvas.

Podemos dizer que os aromas e sabores da Cabernet Sauvignon são marcantes, diretos e fáceis de reconhecer. Os aromas primários mais encontrados são: frutas vermelhas (cereja, cassis, amora, morango), frutas pretas (groselha preta, ameixa, mirtilo), especiarias (pimentas em pó, cravo), amadeirados resinosos (cedro, lápis e caixa de charuto), amadeirados queimados (tostado, defumado, café, torrefação), herbáceos (menta, hortelã). Dependendo do estilo e da região, ainda podemos encontrar: alcaçuz, anis e pimentão.

Aromas

  • Cereja;
  • Cassis;
  • Groselha Preta;
  • Pimenta em Pó;
  • Cravo;
  • Menta;
  • Cedrinho;
  • Torrefação;
  • Couro.

Na Boca, podemos dizer que ela tem uma “pegada” mais masculina, forte. Os bons vinhos apresentam acidez levemente destacada com o álcool bem integrado, taninos potentes que ainda podem estar jovens, mas são sempre elegantes. A textura é envolvente e potente, com corpo médio para maior. Os aromas de boca dependem muito da idade do vinho, mas podemos encontrar: frutas vermelhas, especiarias, sumo de carne, couro, caramelo e baunilha. Quando o vinho ainda é jovem, a acidez e os taninos estão destacados, com o tempo, o vinho se mostra mais redondo, ganhando em complexidade.

Assim como a maioria das uvas tintas, a Cabernet Sauvignon pode ser apresentada sozinha (varietal) ou em cortes (assemblages). Em ambos os casos, ela dá origem a vinhos estruturados, concentrados e tânicos. Os cortes mais frequentes são com a Merlot ou Cabernet Franc (Bordeaux), com a Sangiovese (Toscana), com a Tempranillo (Espanha), com a Shiraz (Austrália) e, novamente com a Merlot (Estados Unidos e Chile). Nos cortes, ele é responsável pela longevidade, estrutura e complexidade. Outra característica interessante dessa casta é que o uso de madeira (estagiar em barricas de carvalho) favorece a complexidade aromática.

O fato de ser tão eclética nos permite degustá-la jovem ou não; tudo depende da região e do estilo do vinho que o produtor quis apresentar. O tempo de guarda está diretamente relacionado ao estilo do produtor ou região, em linhas gerais: de 05 a 10 anos (vinhos mais simples), de 10 a 15 anos (australianos), de 10 a 20 (californianos) e mais de 30 anos (tops de Bordeaux). Existem vários exemplares da primeira linha de Bordeaux com mais de 40 anos que ainda estão em plena forma!

Principais Regiões.

Cultivada em quase todos os lugares do mundo, a Cabernet Sauvignon tende a se apresentar bem marcada e caracterizada, mas com infinitos estilos e particularidades que cada produtor determina. Dessa forma, as principais regiões são:

França, Bordeaux – É a sua terra natal, a melhor região produtora, especialmente a margem esquerda (Médoc).
Seus vinhos estão entre os melhores do mundo e podem ser muito longevos. Cada sub-região apresenta características pariculares: Margaux (aparecem notas florais de violeta e rodas), St. Julien (traz os aromas de cedrinho e caixa de charutos), Pauillac (aromas de lápis), St. Estèphe (mais mineral) e Pessac-Léognan;

Califórnia – Para muitos, o Segundo melhor terroir para a Cabernet Sauvignon. Seus vinhos são aromáticos, profundos, densos, complexos e encorpados.
As melhores sub-regiões são: Sonoma, Napa, Alexander Valley, Mendocino, Stags Leap District, Oakville e Rutherford;

Austrália – Outra excelente região. Seus vinhos se apresentam potentes, cheios de frutas, menta e eucaliptol.
As melhores sub-regiões saão: Coonawarra, Margaret River, Yarra Valley e Clare Valley;

Itália, Toscana – A Cabernet Sauvignon entrou nesta região pelas portas do fundo, ou seja, sem ser permitida. Ela foi a responsável pelo surgimento dos vinhos Supertoscanos, onde normalmente aparece em corte com a Sangiovese;

Nova Zelândia – Nos últimos anos vem apresentando um grande avanço com essa casta. A Ilha do Norte tende a ser mais indicada. Seus vinhos podem ser varietais ou corte. As melhores sub-regiões são: Hawke’s Bay e Wairarapa;

Chile – Aqui a Cabernet Sauvignon encontrou um terreno fertile para se desenvolver com muita personalidade. É a casta mais cultivada no país e praticamente todos os produtores a vinificam. Seus aromam, além das frutas típicas, apresentam uma pegada herbácea de <pimentão, folhas de louro e chá preto. Seus vinhos podem ser varietais ou em corte. As melhores sub-regiões são: Valle Del Maipo, Valle Del Maule e Valle de Colchagua.

Outras regiões menos destacadas também produzem Cabernets de ótima qualidade: Argentina, Brasil, África do Sul, Espanha (Priorato, Navarra e Rioja), Portugal (Alentejo) e Líbano.

Grandes Cabernets.

  • Ch. Haut-Brion;
  • Ch. Latour;
  • Ch. Margaux;
  • Ch. Lynch-Bages;
  • Ch. Palmer;
  • Ch. Montrose;
  • Ornellaia;
  • Sassicaia;
  • Solaia;
  • Esporão;
  • Maequés de Riscal;
  • Stag’s Leap;
  • Screaming Eagle;
  • Ridge – Montebello;
  • Mondavi – Opus One;
  • Catena Alta;
  • Seña;
  • Almaviva;
  • Montes Alpha “M”;
  • Penfolds – Bin 707;
  • Petaluma;
  • Rosemount;
  • Moss Wood;
  • Yarra Yering.

Compatibilização.

Devido a sua deliciosa estrutura e base aromática a Cabernet Sauvignon é a casta tinta perfeita para harmonizar com comida. Praticamente todas as culturas culinárias possuem pratos que combinam perfeitamente com ela. As melhores combinações são:

França – Combinação Clássica: Vinhos tops de Bordeaux com Cordeiro. A carne pode ser apresentada de várias formas (assado, ao molho, guisado) e em vários cortes (carré, paleta, pernil ou inteiro);

Itália – Supertoscanos com Bisteca Fiorentina ou Javali;

Austrália, Califórnia e Chile – Seus super estruturados cabernets combinam com Peru recheado, Ganso, Pato (Confit de Canard), Coelho;

Genéricos – Normalmente, para não errar, a Cabernet Sauvignon combina com carne. Grelhada ou com molho, tanto faz;

Exóticos – Vale a pena experimentar um cabernet bem frutado e jovem com a culinária árabe, indiana, tailandesa e cajum/crioula (Jambalaya).

Vinhos degustados pela confraria neste encontro.

  1. Volpe Pasini – Zuc di Volpe C.S. 2001 (Itália, Friuli) – Valor de referência: R$ 150,00.
    Vinho de coloração rubi velha, sem halo de evolução. No nariz aparecem os aromas de pimenta, frutas passadas, madeira velha, tostado e tabaco.
    Na boca: AL+, Am+, Ac, com taninos redondos (gostosos) – finos e resolvidos.
    Este vinho passa por madeira velha e é produzido numa região fria, no limite máximo que a cabernet aguenta.
  2. Viña Aliaga – Gran Seleccíon 2000 (Espanha, Navarra – Cab. Sauv., Tempranillo) – Valor de referência: R$ 118,00 (WS87).
    Vinho de coloração rubi velho, mas não muito denso, com aromas de couro, sumo de carne, baunilha, azeitonas, frutas vermelhas, mentol. Evolui para chá de hortelã.
    Na boca: Ac+, Al+ (13,5%) e taninos ainda não resolvidos.
    Este vinho é produzido em uma zona muito quente e utiliza-se madeira muito nova (oposto do vinho 01).
  3. Schubert – Cabernet Sauvignon 2002 (N. Zelândia, Hawke’s Bay) – Valor de referência: R$ 230,00.
    Coloração violácea, Rubi denso. Aromas de azeitonas verdes, acetona, aromas quentes, maresia, groselha e cereja. Evolui para alcaparras.
    Na boca: Ac+, Tn+, Al+ (14,5%). Equilibrado. Encorpado.
    É um dos tops da Nova Zelândia.
  4. Chateua Poujeaux 2002 (França, Bordeux – Médoc) – Valor de referência: R$ 211,00.
    Coloração Rubi e aromas predominantes de animal, mofo, humidade, frutas velhas e passadas. Na boca é muito elegante e equilibrado (Ac, Al e Tn).
  5. Montes Alpha 2006 (Chile)
    Coloração violeta e aromas de louro e muito herbáceo com toques de tuti-fruti (Al. 14,5%).
  6. Casa Patronales – Cabernet Sauvignon Reserva 2003 (Chile, Maule).
    Este vinho foi escolhido para o jantar e foi compatibilizado com carnes vermelhas.

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Até a próxima degustação!

Texto de André Monteiro. Comentários de Maicon F. Santos sobre os vinhos degustados.