A Riesling é uma casta excepcional, extremamente aromática e de personalidade marcante. Originária da Alemanha, já era cultivada pelos romanos nos vales do Mosel e do Reno. Durante as últimas décadas sofreu injusta discriminação devido aos erros de marketing cometidos pelos alemães. Chegou a ser considerada por muitos como uma casta de segunda categoria. Mas continua sendo muito apreciada pelos grandes conhecedores, que a consideram, muitas vezes, como a melhor casta branca para vinhos. Hoje, a Riesling (pronuncia-se “Rissling”) vive seu renascimento mercadológico.
Essa casta apresenta 02 variações, a “Renana” de maior qualidade e a “Itálica” menos expressiva. Adapta-se muito bem aos climas mais frios, como da Alsácia e Alemanha, passando pela Suíça e Áustria, até o calor marcante da Austrália. Em todas as regiões, sempre deve apresentar acidez destacada. Possui excelente capacidade de manter suas características varietais ao mesmo tempo em que reflete as particularidades de cada terroir. Na Alemanha é a principal casta, onde podemos encontrar mais de 60 variações clonais.
Características
A Riesling é uma casta eclética. Produz desde extraordinários vinhos secos, semi-doces até os extremamente doces. Pode ser atacada pelo fungo “Botrytis cinerea” ou ser colhida congelada (eiswein), em ambos os casos, origina deliciosos vinhos de sobremesa.
Fácil de cultivar, apresenta cachos médios, bagos pequenos e delicados, coloração verde amarelada que lembra ervilhas. Possui maturação longa, amadurece mais tarde. Normalmente se apresenta com alta acidez, açúcar reduzido e algum amargor. Seus melhores vinhos são varietais e não costumam passar por madeira. Os melhores solos são: rochosos/pedregosos, calcários e graníticos.
Podemos dizer que os aromas e sabores da Riesling são únicos. Os aromas primários mais encontrados são: petroláceos (petróleo, querosene, diesel, borracha), minerais (fósforo, pólvora, ferro, alumínio), frutas brancas (maçã verde, pêra, pêssego e damasco), floral (flores brancas e amarelas, pétala de rosas).
Na boca, a principal característica é a acidez destacada com uma textura envolvente, álcool equilibrado em corpo médio para maior. Os aromas de boca dependem muito do estilo do vinho (seco, semi-doce, doce, espumante). Mas podemos encontrar: grama cortada, mel, manteiga, petroláceos, minerais, tangerina, melão e flores.
Aromas
- Querosene;
- Petróleo;
- Fósforo;
- Pólvora;
- Borracha;
- Maça Verde;
- Pêra;
- Mineral;
- Flores Brancas.
A Riesling prefere ser vinificada sozinha e não faz questão de estagiar em madeira. Diferentemente do que muita gente acredita, seus vinhos tendem a ser encorpados e aromáticos. Podem ser degustados jovens ou guardados por muitos anos. O tempo de guarda está diretamente relacionado com o estilo do vinho, em linha gerais: de 05 a 15 anos (secos), de 10 a 20 anos (semi-doces) e de 10 a 30 ou mais (doces). Existem vários exemplares com mais de 100 anos que ainda estão em plena forma!
Principais Regiões
Cultivada em muitos lugares do mundo, a Riesling tende a ser vinificada seguindo um dos dois estilos mais influentes, alemão ou alsaciano. Apenas a Austrália conseguiu apresentar um vinho que foge dessas linhas. Dessa forma, as principais regiões são:
Alemanha – Produz os melhores exemplares do mundo. Seus vinhos podem ir dos extra-secos aos completamente doces com graduação alcoólica mais baixa (de 06 a 12 graus). Podem ser delicados, com aromas florais e minerais ou, potentes, com aromas de petróleo, mel e frutas. Existem muitas sub-regiões importantes, quase todas acompanham a divisa com a França, as melhores são: Mosel, Ahr, Rheingau, Nahe, Rheihessen e Pfalz;
França, Alsácia – É a segunda melhor região produtora do mundo para a Riesling. Seus vinhos possuem um estilo mais austero, alcoólico (+12 graus), encorpado e seco. Também produz excelentes vinhos doces que podem ter sidos atacados ou não pelo fungo Botritis. É normal o uso de Chaptalização e Fermentação Malolática;
Áustria – As melhores sub-regiões chamam-se Wachau, Kremstal e Kamptal. A grande maioria dos seus vinhos tem um estilo seco. Apenas uma pequena quantidade é atacada pelo fungo Botritis, originando vinhos doces de sobremesa (deliciosos). Aqui, a graduação alcoólica pode ultrapassar os 13 graus e a irrigação é necessária;
Austrália – Seus vinhos possuem um estilo próprio, apresentando aromas de lima, mel, torradas e querosene sem passar por madeira alguma. Além disso, os mostos são fermentados em baixa temperatura e logo engarrafados para poder fixar o máximo dos aromas primários. A melhor sub-região é Claire Valley, seguida de Eden Valley e Barossa;
Canadá – Na província de Ontario se produz alguns dos melhores vinhos de gelo (eiswien ou icewine) do mundo.
Cuidado! No Brasil e na Itália existe muito vinho com a casta Riesling. Porém, normalmente utilizam a variação “Itálica” que é muito inferior em qualidade. Portanto, certifique-se que o vinho em questão é feito da variante “Renana”.
Grandes Rieslings
- Georg Breuer;
- Bürklin-Wolf;
- Dönnhoff;
- Künster;
- Leitz;
- J.L.Wolf;
- Bründlmayer;
- Prager;
- Marcel Deiss;
- Hugel;
- Ostertag;
- Trimbach;
- Weinbach;
- Zind-Humbrecht;
- Yalumba.
Compatibilização
A Riesling é uma casta que requer muitos cuidados na hora de compatibilizar. Isso porque precisamos nos precaver quanto ao açúcar residual existente e ao tempo de guarda. A maioria pode (e deve) ser degustada sozinha. As melhores combinações são:
Alemanha – Vinho Seco envelhecido: Peixes Defumados (trutas, arenque, haddock), Patês defumados;
Alemanha/Áustria – Vinho Seco jovem: Kassler, Sushi, Sashimi, Peixes frescos de mar ou rio, Saladas;
Alemanha/Áustria – Vinho Doce: Ganso ou Pato em molhos de frutas, Casquinha de Siri ou de Camarão, Sauerkraut, Strudels e Tortas;
Alsácia – Vinho Seco: Aves grelhadas ou com molhos picantes, cozinha Thai, cozinha Cantonesa, Carne Suína não defumada, Queijos de Cabra ou Ovelha;
De forma geral – Os vinhos mais doces, botritizados ou não, combinam com sobremesas de frutas.
Confira os vinhos degustados pela Confraria dos Prazeres nesta reunião:
- Valley – Riesling 2004 (Austrália, Clare Valley) – Preço de referência: R$95,00
- Hugel – Riesling 2004 (França, Alsácia) – Preço de referência: R$79,00
- Balthasar Ress – Auslese 2001 (Alemanha, Rheingau) – (WS94) – Preço de referência: R$120,00
- Matariki – Late Harvest 2001 (N.Zelândia, Hawkes Bay) – Preço de referência: R$176,00
- Catamayor – Viognier Reserva 2005 (Argentina, Mendosa) – Preço de referência: R$44,00
Esta foi uma das melhores degustações que fizemos. Para quem ainda tem preconceito relacionado a uva Riesling é um bom momento de rever seus conceitos.
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Até a próxima degustação!
Texto de André Monteiro.
Editado e publicado por Maicon F. Santos.
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