Foto: Uva Syrah

Foto: Uva Syrah

Syrah para os franceses ou Shiraz para os australianos, tanto faz. É a mesma uva, só muda o estilo.

A Syrah é uma casta tinta, originária da França. Existem inúmeras histórias a respeito da sua origem. Uns acreditam que ela era originária do oriente, Iraque, antigo Reino da Pérsia e Babilônia e que seu nome fazia referência a cidade de Shiraz. Outros alegam que ele chegou a Europa através do porto da cidade siciliana de Syracuse. Ainda existia outra versão que dizia que a Syrah era uma casta autóctone da região norte do vale do Rhône. Porém, em 1998, estudos de DNA realizados pela Universidade de Davis da Califórnia, indicaram que a casta Syrah era fruto do cruzamento das castas Dureza e Mondeuse Blanche em tempos remotos. Apesar das evidências, muitos ainda discordam e preferem suas próprias versões.

As primeiras mudas de Shiraz chegaram a Austrália em 1832 pelas mãos de James Busby, anterior a praga Phylloxera. Isso garante a Austrália os vinhedos mais antigos de Shiraz pura, muitos deles com mais de 100 anos. Seja qual for a sua origem, o certo é que a Syrah é uma das uvas mais antigas utilizadas para se fazer vinho. Existem referências de sua utilização em documentos de 70dc. Fácil de cultivar, reina absoluta no Rhône, principalmente no norte do vale. Para muitos é a uva símbolo da Austrália.

Características

A Syrah se adapta muito bem aos mais diferentes solos e climas. Mas em linhas gerais, podemos dizer que existem dois estilos bem distintos. O primeiro, mais profundo, complexo e longevo é o estilo do Rhône. O segundo, mais potente, quente e encorpado é o estilo da Austrália e do resto do mundo.

A casta Syrah não é muito vigorosa, apresenta cachos de tamanho médio, com bagos pequenos de casca grossa em tons escuros, quase negros. Suscetível a algumas pragas, tende a maturar melhor em regiões mais quentes. Seu ciclo vegetativo não é longo, florescendo tarde e sendo colhida no meio da temporada.

Em linhas gerais, os aromas primários mais encontrados são:

Frutas vermelhas (framboesa, groselha, amora), frutas pretas (groselha preta), florais (violeta), especiarias (pimenta do reino branca), outros (chocolate, tabaco, alecrim, resina de cedrinho, alcaçuz, alcatrão).
Dependendo da forma de vinificação e região, podemos encontrar: amadeirados (tostado, bala de café, torrefação), animal (couro, couro velho), outros (ervas, trufas, cogumelos).

Na boca, a Syrah tende a ser mais fresca no Rhône e mais quente na Austrália (estilos). A acidez é mediana e o álcool e taninos bem marcados. Possui boa intensidade, potência e estrutura. O corpo pode variar entre médio para encorpado. A passagem por madeira é quase uma unanimidade.

Assim como a maioria das castas, a Syrah pode ser apresentada sozinha (varietal) ou em corte (assemblages). As associações mais comuns são com a Viognier branca (Côte-Rôtie), Cabernet Sauvignon (Austrália), Grenache e Mourvèdre (Chateauneuf-du-Pape). Além disso, existe um corte australiano muito famoso com a Shiraz, conhecido como GSM.

A Syrah pode originar vinhos prontos para o consumo logo que são engarrafados, ou então, vinhos que precisam de muitos anos para evoluir. Tudo depende do estilo e da região em questão. Os vinhos jovens devem ser consumidos até 05 anos. Os vinhos de guarda seguem a seguinte linha: de 07 a 15 anos (Austrália), de 07 a 20 anos (Côte-Rôtie e Cornas), de 10 a 25 anos (Hermitage).

Principais Regiões

Cultivada em muitos lugares do mundo, as principais regiões são:

  • França, Rhône (Côte-Rôtie) – Uma das melhores expressões. Vinhos complexos, que precisam de muito tempo para evoluir. Elegantes, famosos e, na maioria das vezes, espetaculares;
  • França, Rhône (Hermitage) – Para muitos, sua melhor expressão. Vinhos igualmente complexos, mais minerais  e tânicos. Existem duas denominações mais prontas para beber, chamadas: Crozes-Hermitages e Saint Joseph;
  • França, Rhône (Cornas) – Outra espetacular denominação. Seus vinhos tendem a serem mais potentes, rústicos e tânicos. Nos melhores anos, concorrem com os Hermitages.
  • França, Rhône (Chateauneuf-du-Pape) – Nesta famosa denominação, a Syrah é coadjuvante da Grenache, originando exemplares suculentos, picantes, aromáticos e prontos para beber em 03 anos ou, se preferir, evoluir por mais 10. É preciso tomar muito cuidado com esta denominação, pois existe muito vinho sem graça, com excesso de álcool e pouca inspiração;
  • Austrália, geral – A Austrália foi o grande responsável pelo renascimento dessa casta. Nas décadas de 1970 e 1980, mostrou ao mundo que era possível fazer grandes vinhos fora da Europa. Praticamente todas as regiões cultivam Shiraz;
  • Austrália, regiões – As regiões que mais merecem destaque de todo o excelente cenário australiano para a casta Shiraz são: Hunter Valley, Barossa Valley, Margaret River e McLaren Vale. Os vinhos tendem a ser potentes, encorpados, aromáticos, quase explosivos. Fantásticos;
  • Chile, Vale Central – A área cultivada de Shiraz ainda é pequena, mas está crescendo rápido. Seus vinhos são mais florais e frutados e não precisam envelhecer;
  • EUA, Califórnia/Washington – Produz vinhos interessantes, tanto no estilo francês, quanto no australiano. Seus vinhos são equilibrados, elegantes e, ao mesmo tempo, potentes. Também não precisam envelhecer.
Confraria dos Prazeres – reunião de 19 de outubro de 2015:
  1. Crozes-Hermitage AOC – Safra 2012Chateau Ste. Michelle Syrah 2011
    Produtor: Nicolas Perrin
    Tinto seco (FeA – 10M/F)
    Preço de referência: R$ 231,00
  2. Character Shiraz – Safra 2009
    Produtor: Haras de Pirque
    Tinto seco (FeM – 12M/F)
    Preço de referência: R$ 130,00
  3. Ste. Michelle Shiraz – Safra 2011
    Produtor: Château Ste. Michelle
    Tinto seco (FeA – 12M/FA)
    Preço de referência: R$ 161,00

Nota: os três vinhos degustados foram ótimos, porém, destacamos o 3º como sendo magnífico.

CONFRARIA DOS PRAZERES – REUNIÃO DE 22 DE agosto DE 2016:

Nesta 2ª reunião sobre o tema Syrah, destacamos alguns cortes dessa casta e degustamos os seguintes vinhos:

  1. Signargues – Côtes du Rhône Villages AOC – Safra 2012
    Produtor: Domaine La Montagnette
    Tinto seco (FeA – S/M – 12T – Bio)
    Preço de referência: R$ 149,00
  2. Cricket Pitch – Safra 2005
    Produtor: Brokenwood (James Halliday)
    Tinto seco (Fem – 18M/FA)
    Preço de referência: R$ 198,00
  3. Show Reserve – GSM – Safra 2005
    Produtor: Rosemount Estate Winery
    Tinto seco (FeA – 12M/FA)
    Preço de referência: R$ 170,00

Texto de André Monteiro.
Editado e publicado por: Maicon F. Santos