É muito provável que um dos nossos primeiros contatos com vinho tenha sido com algum exemplar do Vêneto. Nos anos 70 e 80, poucos vinhos conseguiam “entrar” no Brasil, as importações eram restritas e os impostos, altíssimos. Nessa época, um dos poucos exemplares que conseguiu vencer essa barreira foi o famoso “Bolla Valpolicella”. Era um vinho fácil de tomar, pronto para consumo.

Sem dúvida, para muitos de nós, esse foi o início do nosso contato com vinhos de qualidade. Depois vieram “Bardolinos”, “Soaves” e “Proseccos”, todos originários do Vêneto.

O Vêneto é a maior região do nordeste italiano e tem por capital a cidade de Venezia. A região é marcada pelo Lago di Garda ao oeste, pelos Alpes ao norte e pelos grandes vales que se estendem para o sul. Os melhores vinhedos se localizam ao norte do rio Ádige.

O Vêneto responde por cerca de 10% de toda a produção de vinhos italiana, possui grande variedade de estilos, desde os espumantes até os fortificados. Toda essa diversidade muitas vezes pode comprometer a qualidade final. Portanto, em matéria de vinhos do Vêneto, cuidado. Existe muito vinho ruim no mercado, mas também, muito vinho de tirar o chapéu.

Principais Características

As principais castas utilizadas são:

  • Corvina (Tinta)
  • Molinara (Tinta)
  • Rondinella (Tinta)
  • Merlot (Tinta)
  • Cabernet Sauvignon (Tinta)
  • Garganega (Branca)
  • Trebbiano (Branca)
  • Prosecco (Branca)

A região do Vêneto possui as seguintes denominações (DOC e DOCG):

  • Bardolino;
  • Bianco di Custoza;
  • Valpolicella;
  • Recioto della Valpolicella;
  • Soave;
  • Gambellara;
  • Colli Berici;
  • Colli Euganei;
  • Breganze;
  • Prosecco di Valdobbiadene;
  • Piave;
  • Lison-Pramaggiore.

As regiões de Valpolicella e Soave ainda apresentam uma subdivisão de maior qualidade: Clássico.

Amarone de Valpolicella

Vinho produzido na região Vêneta, nordeste italiano, em Valpolicella. Elaborado com as cepas típicas da região; a Corvina, a Rondinella e a Molinara, resultando um vinho robusto, encorpado, seco, de alto teor alcoólico, possuindo um ligeiro amargor final, que leva seu nome “Amarone”.

Em fins de setembro ou início de outubro, as uvas são selecionadas no alto da colheita, colocadas em caixas e enviadas para um local seco e ventilado por aproximadamente 03 meses. Essas uvas perdem água e há concentração de açúcar. Por volta de fevereiro essas uvas são prensadas e fermentadas. O vinho será transferido, para grandes tonéis onde permanecerá por um longo período (4 a 5 anos), desenvolvendo toda a sua potencialidade, perfumes, sabores e estrutura. Após a fase de envelhecimento, o vinho será filtrado e engarrafado, tendo ainda um período de seis meses de afinamento em garrafas antes de ser comercializado.

O resultado é um vinho encorpado, com 14º a 16º de álcool (fortíssimo para um produto de mesa), potente e forte concentração de aromas e sabor. O Amarone vai bem relativamente jovem, com quatro a seis anos, mas pode durar muito mais, chegando tranquilamente aos 20 anos de idade.

Como todo vinho, a sua boa qualidade depende dos caprichos do produtor. Sendo um vinho potente em aroma e sabor, a sua harmonização deve ser com alimentos do mesmo patamar, ou seja, recomenda-se guisados substanciosos de caças e queijos fortes (parmesão).

Neste dia, a Confraria dos Prazeres degustou os seguintes vinhos:

  1. La Montecchia – Villa Capodilista’03 (Merlot 60%, CS, Carm, Raboso) – 02 Bicch.
  2. Castellani – Amarone della Valpolicella Clássico’04 (Corvina 78%, Rondinella 18%, Molinara 04%) – 92 WS. (Vinho fantástico)
  3. Allegrini – IGT Villa Giona’00 (CS 50%, Merlot 40%, Syrah 10%) – 02 Bicch. (Vinho fantástico +++ lembra os grandes Bordeaux’s)
  4. Castellani – Valpolicella Clássico “Campo Del Biotto’04” (Corvina 70%, Rondinella 20%)

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Confraria dos Prazeres, Agosto/2008.